
— Annie, o que conseguiu ver no oeste? — Diz Loretis.
— Em terra apenas mais do mesmo, o vale segue até o mar, porém as águas estão agitadas, vi uma frota de navios com o brasão de Aranab, estão cruzando o mar em direção ao ocidente. — Diz Annie vindo em direção a fogueira onde se encontra Loretis.
— Hakim está expandindo suas terras, o covarde está se aproveitando da fragilidade daqueles reinos… — Diz Loretis enquanto mastiga um coelho que agora a pouco assaram.
— Covarde? Guerras não se tratam de honra a muito tempo Loretis, é tudo um jogo de interesses, Hakim tem algum motivo bem valioso para fazer isso, e tenho certeza que não é o portal de Volotar, ele teria ido a cinco anos atrás e por essas terras mesmo. — Diz Germain vindo de um caminho entre as arvores carregando lenha nos braços.
— Lembram do que aquele mago falou em Mahelm, o nome dele era… Bertrand! Disse sobre um necromante vermelho no Eldran, era um poder antigo e perigoso, talvez Hakim queira derrota-lo. — Diz Annie ja sentada ao lado de Loretis.
— Eu aposto esse anel da dissipação que Hakim nem sabe disso, mas enfim, até que a cabeça dele esteja em um contrato , não é nosso problema! — Diz Germain alimentando o fogo.
— No dia em que você confiou nesse anel o ancião da vila foi queimado junto com nosso pagamento, ainda me deve aqueles pergaminhos seu bastardo. — Diz Loretis em um tom alegre.
É quando todos escutam o quebrar de um galho vindo do sul, logo começam a se olhar e suas feições ficam sérias, Germain coloca a mão no punho de sua espada sutilmente assim como Loretis e Annie.
— Fomos seguidos, eu sabia! — Sussurra Germain
— Calado idiota! — Responde Annie no mesmo tom de voz.
— A fogueira já nos entregou, não acham? — Diz Loretis.
É quando do meio das moitas como um raio de luz um dardo surge e atinge a perna de Germain, que cai ajoelhado, Annie corre em sua direção, outros dardos começam a ser atirados em direção aos três, e consequentemente acertam diversas partes dos corpos deles, gemidos de dor são audíveis a cada acerto e o sangue começa a tingir suas roupas sujas.
— Pare! Pare! — Grita Annie chorando olhando para o rosto de Loretis já com um olhar distante e um dardo atravessado em seu peito.
— Annie… — Sussurra Loretis colocando a mão sobre um dardo nas costas de Annie.
— Germain, acorda! — Grita Annie em desespero, e ao tentar levantar percebe que a sua perna não responde a ação.
De todos os lados começam a entrar na clareira homens com capas pretas e mascaras prateadas que refletiam a luz da lua, nas mãos traziam bestas, as mesmas de onde saiam os dardos a poucos instantes.
— Preciso fazer algo! — Pensa Annie com a vista escurecendo cada vez mais.
Um dos homens tinha uma altura maior e na sua mão carregava um cetro de madeira com adornos prateados, ele passa ao lado da fogueira e aponta o cetro de maneira que passa pelo fogo, e ao tocar, imediatamente fica azul e com uma chama maior do que antes, Annie se assusta ainda mais e tenta se arrastar em direção contraria ao que parece o líder do bando.
— Pobres vidas… Mas há um preço para que tudo melhore criança, logo seu mundo será purificado e todo sofrimento vai acabar… — diz o homem com uma voz baixa e distante, como se as palavras não saíssem de sua boca. Annie coloca a mão sobre uma espada no chão e no mesmo momento a espada começa a enferrujar a ponto de virar pó de ferro, sobre o ombro Annie sente uma fria mão que a puxa de maneira que ela fica virada para cima, a figura se abaixa e fica com a mascara próxima de sua face, e com uma brutal força, rasga seu corselete de couro.
— Faltam poucos agora… — Diz o homem, que do pescoço de Annie arranca um colar que ela sempre carregou consigo.
Assim como todas as noites de verão desse ano, os animais dormem, as águas repousam no seus leitos, o vento sopra as folhas e a lua ilumina com seus fortes raios as clareiras. Tudo parece tão… Distante.